Um estudo recente revelou que, há cerca de 14 mil anos, a Terra foi atingida por uma das mais intensas tempestades solares já registradas. Essas tempestades, extremamente poderosas e raras, são conhecidas como Eventos de Miyake, em homenagem à cientista Fusa Miyake, que fez a descoberta inicial sobre o fenômeno.
Até o momento, pesquisadores identificaram entre seis e oito desses eventos ao longo da história. O mais recente ocorreu há aproximadamente 1030 anos. A descoberta veio à tona em 2012, quando Miyake, na época uma pós-doutoranda, encontrou níveis anormalmente elevados de carbono-14 nos anéis de árvores datadas de 1250 anos atrás. A explicação mais plausível para essa concentração foi uma explosão massiva de partículas emitidas pelo Sol.
Para efeito de comparação, a maior tempestade solar já registrada na era moderna foi o chamado Evento de Carrington, em 1859. Embora tenha sido de grande magnitude, não chegou a provocar alterações nos anéis das árvores, como os Eventos de Miyake. No entanto, o evento foi tão intenso que produziu uma explosão visível a olho nu por astrônomos da Terra durante cerca de cinco minutos. A energia liberada foi comparável a 10 bilhões de bombas nucleares de 1 megaton.
Mas os Eventos de Miyake são ainda mais potentes. De acordo com cientistas, o evento mais recente desse tipo foi cerca de 80 vezes mais forte que o Evento de Carrington. Já o fenômeno que aconteceu há 14 mil anos teria sido o dobro dessa força, o que coloca sua magnitude em um patamar difícil de imaginar com base nas tecnologias atuais.
E se um novo Evento de Miyake acontecer?
Caso um novo Evento de Miyake atingisse a Terra, os impactos poderiam ser catastróficos. A tempestade solar destruiria redes elétricas de maneira irreversível, provocando apagões em larga escala que poderiam durar meses. Os satélites em órbita também seriam severamente afetados, comprometendo a comunicação, os serviços de localização por GPS e até sistemas bancários e de navegação aérea.
Apesar da gravidade desses possíveis efeitos, especialistas indicam que os Eventos de Miyake são extremamente raros. No entanto, os dados disponíveis sugerem que eles ocorrem, em média, a cada mil anos. Com o Sol se aproximando de seu pico de atividade dentro de um ciclo solar de 11 anos, surge a preocupação sobre o risco de uma nova supertempestade.
Ainda assim, não há evidências concretas de que esse aumento na atividade solar aumente a probabilidade de um Evento de Miyake a curto prazo. A ciência continua investigando os padrões por trás dessas ocorrências, enquanto busca maneiras de proteger a infraestrutura tecnológica da humanidade contra fenômenos tão extremos.